

Os filmes de Jean-Luc Godard sempre se destacam por sua agilidade política e por sua brilhante originalidade. Obviamente não ficando de fora, Bande à part e Week-end à Francesa, são filmes extremamente políticos que não escondem o olhar desconstrutivista e contestatário desse cineasta revolucionário. Caracterizando-se pela mobilidade da câmera, pelos demorados planos sequências, pela montagem descontínua e pelos falsos- e claros- raccos, esses filmes são um exemplo do estilo inventivo do diretor, sempre com um olhar provocativo crítico e introdutivo, recheado de informações contraditórias, de forma com que faça o espectador refletir sobre a real interpretação da cena.
Utilizando elementos metalinguisticos, sempre lembrando ao espectador o seu lugar, Godard não hesita em momento algum em romper com o realismo, tanto na edição de som, quanto no corte de continuidade. Deixa isso bem claro em cenas memoráveis, como em Bande com os 36 segundos de silêncio do bem humorado e hedonísta triângulo amoroso ou a longa sequencia da dança coreografada e reflexiva pelos pensamentos dos personagens. Nesse filme memorável e refrescante, ele mostra caracterísiticas marcantes na juventude dos anos 60, ressaltando de forma positiva o aspecto político, de resistência cultural. Provocativo e nunca cedendo as apelações da indústria cinematográfica, a narração ironica até promete ao fim do filme uma continuidade sequencial em Techicolor, com aventuras do casal restante no Brasil, algo que sabemos que jamais acontecerá, vindo de Godard.
Já Week end, que é uma adptação do conto A auto estrada sul, de Julio Cortázar, se mostra também político, mas extremamente polemico, provocativo e radical. O filme nos mostra um casal de burgueses do estilo mais fútil em um louco apocalipse, com personagens históricos e até mesmo “canibais hippies”. Também recheado de metalinguagem, com duas partes memoráveis, a primeira com um travelling pioneiro de 300 metros mostrando um congestionamento na auto estrada francesa, e a outra um longo plano sequencia em 360 graus com o fundo doi som de um pianista tocando e explicando a importânica da música clássica de Mozart na música contemporânea. Concerteza um dos mais políticos de Godard, apesar de pertencer a sua primeira fase, o filme nos mostra sempre de forma irônica a distânica absurda das classes socias.
Esses dois nem tão simples exemplos unem características de um verdadeiro artista: política e arte. Características que esse mítico diretor nos mostra porque é e sempre será um dos mais polêmicos e políticos de todos os tempos.